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sexta-feira, 19 abril 2024
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Cinco dicas para cultivar sua saúde mental na quarentena

*Por Dra. Fernanda Ribeiro

“Em tempos de crise, cada um surta como pode”.

Essa frase, cujo autor eu desconheço, tão curta, mas tão completa, chamou minha atenção e vem martelando na minha cabeça por vários dias nesses tempos de afastamento social, em que saúde mental é artigo de luxo.

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Mas afinal, todo mundo surta na quarentena?


Verdade seja dita, a maioria de nós já surtou. Implicar com coisas sem sentido, deixar as crianças mais tempo nos eletrônicos, brigar com o parente idoso que não para de perambular pela cidade, arrumar amizade com um vizinho só pra ter com quem falar pela janela – ou até falar sozinho e responder suas próprias perguntas. Cada um surta como pode.


O ser humano é, por natureza, um animal sociável. Vivemos em bandos por instinto, e esses grupos nos identificam enquanto pessoas. Família, vizinhos, galera do trabalho, amigos do boteco… Estar afastado dessas pessoas traz um sensação de anormalidade contínua. Parece que está tudo errado e não temos como consertar. Além disso, estar afastado dos nossos desumaniza, retira nossas referências. Então surtar, se recolher, ou no mínimo, se sentir estranho nesse momento faz parte do processo.
Recentemente li o relato de uma garota que se identifica como lésbica, e, em decorrência da pandemia, precisou deixar o apartamento em que morava com as amigas, para voltar a morar com os pais homofóbicos em uma cidade do interior. Quão massacrante isso pode ser?!

Além de tudo…

A questão financeira também pode ser um problema. Vamos deixar de floreios, a questão financeira é definitivamente o maior problema para a maioria das
pessoas. Você não está sozinho por não saber como será o mundo no pós pandemia… a maioria de nós não sabe se terá o emprego de volta, se o comércio recém aberto vai dar certo ou até quando iremos aguentar pagar as contas com a redução dos ganhos mensais.

Por esse motivo, reconhecer que existe um problema é o primeiro passo no longo caminho de cuidados com sua saúde mental. E o problema não é exclusividade sua, é
uma crise mundial. O vizinho pode parecer melhor do que você, mas com certeza também está com a cabeça tão cheia quanto a sua.

Quem sabe essas cinco dicas abaixo podem te ajudar:

Lembre-se: se informar não é o mesmo que só ler tragédias. Procure equilibrar o que você consome. (Foto: Nappy / Reprodução)

Se informar sobre o que está acontecendo pode ser bom.

Consultar fontes seguras de informações te ajudam a saber quando as escolas pretendem voltar, quando os parques
pretendem reabrir ou quando a economia pode voltar a dar bons sinais. Essas informações também podem te fazer entender se sua área de trabalho estará em alta ou em baixa após a pandemia, ajudando você a se programar.


Que tal procurar por cursos gratuitos para ocupar seu tempo? (Foto: Nappy / Reprodução)

Procurar na internet por cursos online, gratuitos, é uma alternativa.

Se você ainda não procurou, pode estar perdendo tempo. Grandes instituições têm oferecidos todo tipo de treinamento nas mais diversas áreas. Pode ser o momento de você se reinventar.

Pode parecer difícil, mas lembre-se: você não está sozinha. (Foto: Nappy / Reprodução)

Gastar menos é fundamental.

Continuar gastando o mesmo durante a pandemia pode te deixar desfalcado em poucos meses. Você pode achar que não tem mais onde economizar, mas acredite, é sempre bom olhar cada área da sua vida. Comece pelas contas de consumo, aquelas que vem todo mês. Telefone, internet… vale a pena continuar cliente de uma empresa que não negocia? Tenho certeza que o concorrente vai gostar de fazer um preço melhor para você. Mude a marca do shampoo, mude a manicure, peça desconto na escola, troque o seguro do carro para outro mais barato. Novamente lembre-se que você não é o único enrolado nessa crise. Muitas instituições e empresas estão dispostas a renegociar.

Já cuidou de si mesma hoje? (Foto: Nappy / Reprodução)

Cuidar de você, fazer o que gosta, escrever um diário, ler um livro, ajudar o vizinho.

Já arrumou seu armário? Tudo isso pode ajudar. É importante ter iniciativa e começar por algum ponto. Todo pequeno cuidado com você mesmo tem valor. Vale lembrar que cuidar da saúde mental pode significar ser mais seletivo nas redes sociais. Eu e você sabemos que grande parte do que vemos não é totalmente verdade, mas em momentos de tristeza pode parecer que todo mundo tem uma vida incrível, menos você. Então gaste uns minutos pra repensar as pessoas que você segue, responde, curte ou retweeta.

Se for preciso, procure ajuda. (Foto: Nappy / Reprodução)

E se o fardo estiver muito pesado…

Saiba que, nesse período de crise, a procura por psicólogos em teleconsulta, psiquiatras e aplicativos de bem-estar aumentou exponencialmente. Não tenha vergonha de procurar ajuda profissional sempre que necessário.

Sim, em tempos de crise cada um surta como pode. Mas todos podem se cuidar, respeitar seu próprio ritmo e entender que tempos de crise também passam.

*Dra Fernanda Ribeiro é Médica de Família e Comunidade pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, mãe do Lucas e do Pedro e CEO da iniciativa educacional sem fins ucrativos Mariah Iniciative.

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