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quinta-feira, 21 novembro 2024
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Conheça atletas que superaram obstáculos para além do esporte

Há anos discutimos, pelo menos aqui no Brasil, sobre a discrepância na repercussão dos esportes femininos e masculinos. E, claro, essa repercussão tem um grande impacto na vida dos atletas.

Por aqui, uma comparação constante acontece entre Neymar e Marta, por exemplo. Tanto que a questão foi parar no ENEM de 2020, apontando que Neymar recebia 14,5 milhões de dólares ao ano enquanto Marta recebia 400 mil.

E aí às vezes acaba que a discussão não tem fim: a desigualdade acontece porque os esportes não têm a mesma repercussão ou os esportes já não têm repercussão em decorrência da desigualdade?

O fato é que, nos canais de TV aberta brasileira, por exemplo, por muitos anos não havia sequer menção de esportes femininos, nem mesmo do futebol. Outro exemplo é a Arábia Saudita, que só em 2020 realizou seu primeiro evento de esportes femininos.

Pensando nisso, escolhemos 3 atletas que conseguiram driblar as adversidades para ir atrás de seus sonhos.

3 podcasts comandados por mulheres

Aos 14 anos, a atleta Yusra Mardini, nascida na Síria, teve que deixar seu país por conta de conflitos políticos. Até a piscina onde treinava havia sido bombardeada. (Foto: Reprodução)

Yusra Mardini

Essa história eu conheci através do livro (que também tem um podcast) Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes.

Yusra nasceu na Síria, mas, aos 14 anos, decidiu que teria que deixar seu país de origem em decorrência dos constantes bombardeios na região onde morava por conta dos conflitos políticos.

Ela, que, quando pequena, tinha medo de nadar, decidiu ir para Berlim, porque ouviu que havia grandes nadadores na Alemanha. Mas seu caminho até lá foi muito tortuoso e incluiu se separar de seus pais e ter que empurrar mar adentro um barco que deveria abrigar 6 pessoas, mas tinha 20, até a fronteira com a Turquia.

Hoje, Yusra tem apenas 23 anos, já participou de uma Olimpíada e faz parte do time de Atletas Olímpicos Refugiados.

Première femme coach d'un club de foot masculin au Soudan
No Sudão, não há muito espaço para atletas femininas. Para seguir sua paixão, Salma al-Majidi foi longe: se tornou a primeira mulher a comandar um time de futebol masculino. (Foto: Reprodução)

Salma al-Majidi

Apesar de ter estudado contabilidade e administração, a grande paixão de Salma al-Majidi sempre foi o futebol.

Infelizmente, Salma nasceu num país onde mulheres não podem jogar desde 1983, Salma teve que procurar outras formas de seguir com sua carreira.

Apesar de ser membro da FIFA desde 1948 e um dos fundadores da Confederação Africana de Futebol, o Sudão não é um país receptivo com as mulheres. Por isso, Salma, que aprendeu muito assistindo os treinos de futebol de seu irmão desde os 16 anos, teve muitos obstáculos antes de passar pelos clubes árabes que já comandou.

Por ter sido capaz de mostrar seu talento, um dos técnicos que observava finalmente aceitou treiná-la. Depois disso, ela já teria passado por clubes como Al Nasr e Al Nahda.

Apesar de ter que enfrentar, por exemplo, um jogador dizendo pertencer a um povo em que homens não aceitam ordens de mulheres, Salma se tornou oficialmente a primeira mulher a treinar um time masculino no Oriente Médio. Hoje, ela é treinadora em tempo integral e recebe um salário equivalente a o de um técnico masculino.

Formiga: Um discreto fenômeno chamado Miraildes | Esportes | EL PAÍS Brasil
Formiga é a única atleta no mundo a ter disputado sete, isso mesmo, sete Copas do Mundo. E, como se isso não fosse suficiente, também disputou sete Olimpíadas. (Foto: Reprodução)

Formiga

Miraildes Maciel Mota nasceu em Salvador. Antes de se tornar “Formiga”, ela já era apaixonada por futebol. E era boa. Em entrevista ao podcast Podpah, ela conta que deixava os meninos no chinelo quando jogava com eles.

Mas isso não quer dizer que sua ascensão tenha sido fácil. Ela conta que havia um senso de “proteção” dos meninos que não queriam deixar que uma menina jogasse futebol, mas que hoje ela entende que essa era uma das facetas do machismo.

Além disso, muitas outras meninas eram boas, mas como nunca houve estrutura que apoiasse meninas e mulheres no esporte, ela sabe que muitos talentos femininos foram perdidos.

Formiga é a única pessoa no mundo a ter participado de sete Copas do Mundo, além de sete Olimpíadas. Mesmo assim, seu reconhecimento está distante daquele oferecido a jogadores do futebol masculino.

Hoje, aos 43 anos, Formiga, que já atuou em times nos Estados Unidos e na Europa, atua no São Paulo Futebol Clube e é patrocinada pela Adidas. Mas ela conta, por exemplo, que esse patrocínio só veio depois de um trabalho árduo de seus empresários.

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