Ano passado, resolvi que faria duas compras online na Black Friday. A primeira eram duas calças jeans. E a segunda delineadores coloridos que não custassem 10% de um salário mínimo.
Para as calças, escolhi uma marca que eu já conhecia bem. Meu peso mudou bastante durante a pandemia e eu precisava de uma calça tamanho 43, o que não é muito fácil de achar aqui no Brasil.
Com o delineador, acabei achando um estojo de delineadores que custavam uns 70 reais com umas 12 cores (enquanto outros custavam mais de 100 com menos da metade das opções).
Nenhuma das compras teve um desfecho muito positivo, mas por motivos diferentes. E o que essas duas situações tinham em comum? Compras online.
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A mudança com as compras online
Poucos anos atrás, muita gente não confiava em compras online por muitos motivos. Da segurança de registrar os dados do cartão de crédito online a confiar nos tamanhos, cores e modelos das lojas virtuais. Muita gente preferia ir até o estabelecimento para realizar sua experiência de compra.
No entanto, com o tempo e o avanço da tecnologia, muitas pessoas mudaram de ideia. Com isso, passaram a comprar itens diversos do conforto de suas casas.
Com a pandemia, seja por confiança, praticidade ou simplesmente por não ter outra opção, uma vez que muitos estabelecimentos ficaram fechados, esse cenário sofreu ainda mais mudança.
De acordo com um relatório realizado pela Compre e Confie em parceria com a Associação Brasileiro de Comércio Eletrônico, a alta de vendas totais só nos primeiros 15 dias de março de 2020 foi de 40%.
O que muitos de nós acabamos descobrindo é que com essa praticidade, na verdade, chegam outros desafios.
Somos consumidores ou pesquisadores nas compras online?
Com o passar do tempo, algumas partes de uma compra online já são habituais. Sabemos que sites de compras internacionais podem estar envolvidos com marcas que reproduzem trabalho análogo ao trabalho escravo. Também sabemos que produtos baratos demais são bons demais pra ser verdade. Desconfiamos até de avaliações positivas demais. Será?
Sites como a Amazon, por exemplo, fizeram grandes investimentos para tentar impedir fraudes em seus domínios, mas a verdade é que abrir uma loja online hoje é muito fácil e muitas vezes os feedbacks, que nós prontamente procuramos ao entrar em um site desse tipo, são comprados e não servem para atestar se o negócio é confiável ou não.
A questão é que as compras online agora exigem uma pesquisa mais detalhada, possivelmente menos prazerosa e com uma indagação: será preciso atribuir as características de um pesquisador para comprar virtualmente?
Como identificar fraudes?
O Washington Post deu algumas dicas para identificar e se previnir contra fraudes. A primeira delas é se atentar às avaliações.
Infelizmente, um recurso que deveria ter o objetivo de ajudar possíveis clientes a tomarem sua decisão acaba causando uma falsa impressão de segurança. Muitas empresas compram avaliadores para dar mais credibilidade às suas marcas. Uma forma de tentar se previnir é prestar atenção aos tipos de comentários. Feedbacks excessivamente positivos e com uma linguagem muito parecida não costumam ser um bom sinal.
Outra forma de se previnir é buscar pela origem das imagens utilizadas pelos vendedores. Se a imagem estiver circulando na internet há muito tempo ou for utilizada em outros endereços, por exemplo, isso ajuda a perceber que o site que você está procurando não é o detentor da imagem e, possivelmente, do produto.
E quanto a sites conhecidos e compras internacionais?
Muitos sites de e-commerce hoje em dia disponibilizam uma grande variedade de produtos importados ao redor do mundo, o que faz com que a exposição a vendedores fraudulentos também se torne internacional.
Apesar de negócios como a Amazon terem investido 700 milhões de dólares e contratado mais de 10 mil pessoas para previnir fraudes e abusos, o Washington Post alerta que a maioria desses investimentos foram direcionados a produtos de luxo ou itens protegidos por patente. Por isso, se as suas compras não se enquadrarem nessa descrição, é bom redobrar os cuidados com a legitimidade das lojas que escolher.
No meu caso, por exemplo, acabei tendo que trocar as calças porque cada marca tem um modelo e o tamanho 43 dessa marca ficou grande em mim (por sorte, escolhi uma marca que tem loja física). E o delineador – que eu comprei na Amazon – era um lápis enorme, mas acabou que o delineador em si era só a pontinha que já estava visível com o produto fechado. Nunca mais!